quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

I'm back, kids!

Não, Sara não morreu para a (in)felicidade de todos vocês! :P Eu só estive meio afastado, mas retorno aos poucos. Em breve vou escrever novas histórias, continuar as que já tinham sido começadas, só que como já disse vai ser aos poucos MESMO. ^^''' (Não é porque eu quero, acreditem, por mim eu escreveria ao invés de dormir, mas a situação tá meio complicada por enquanto...) Agora, pra compensar todo mundo que morreu de saudades do meu jeito singular de escrever (AH VÁ! XD) eu deixo esse texto (que não é meu, só betei - hein?). ^^''' Não me matem (agora), por favor.
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MENINOS NÃO GOSTAM DE ROSA

(Pedro Tavares)

Eu não queria levantar e ir pra escola. Por mim, podia ficar deitado naquela cama pra todo e todo SEMPRE. Mas fazer o que, né? Não sou eu quem pago as minhas contas... E lá fui eu me despencar de casa pra escola — saco!!!.

A recepção foi até diferente, mas não me surpreendeu. A diretora usava um terno feminino lilás de poliéster que era a coisa mais linda do mundo todo, mesmo eu preferindo roupas mais ousadas. Como minha matrícula tinha sido feita muito em cima da hora, me “jogaram” na sala ao lado da 801-A(ngelical), ou seja a sala 801-B(rutamontes).

Todo mundo parou de falar quando eu cheguei e suas caras faziam eu me sentir um ET — queria saber o problema deles, parecia até que nunca tinham visto uma calça stretch (para os leigos, esse é o sinônimo de “lycra”). Só teve UM garoto que não me encarou. E era dele que eu não conseguia tirar os olhos.

O rosto, com queixo redondo e pele branquinha parecia o de um anjinho. Lábios pequenos e grossos, rosadinhos. Cabelo escuro, comprido e liso. Sobrancelhas expressivas da cor do cabelo. Olhar másculo, indiferente ao mesmo tempo em que raivoso. Dedos com calos, algumas finas cicatrizes e anéis. Ele também usava um tipo estranho de luva que cobria o meio da palma da mão até um pouco abaixo do pulso. Eu podia morrer encarando-o e não ia sentir nada...

Como se ouvisse as minhas preces, a professora de ciências me mandou sentar bem ao lado dele. A alegria foi tanta que nem escutei seu nome direito. Alisei meu uniforme e conferi o hálito rapidamente. Tá, eu sei que meio segundo não conta como “achar seu amor verdadeiro”, mas será que não entra nem na lista da “paixão fulminante e avassaladora”? Ou até mesmo de... “amor a primeira vista”?

Sentei do seu lado, tão pertinho que podia sentir o desodorante masculino que ele usava. O cheiro era maravilhoso. Suava, suava em bicas, desejando me aproximar e tocar aquele cabelo que aparentava ter a textura mais macia do mundo.

Então ele olhou pra mim.

Não, você não entende. Ele não apenas me olhou. Ele... ele atirou uma flecha enfeitiçada em mim! Em super-supermega câmera lenta... ele moveu a cabeça para o lado e disse:

— Você tem o livro de ciências?

O deslizar de seu cabelo para a frente do rosto. A força dos seus olhos escuros atrás dos óculos grandes e quadrados (antiquados também)... Ainda que a frase não fosse um “você é maravilhoso, quer ser meu namorado?”, eu estava entrando em coma alcoólico — sem nem ter derramado uma gota!

— Meu nome é Paulo.

Rezei pra ele não notar que eu fiquei sem fôlego. Meu Jesus, que boca mais perfeita... EU QUERO MORDER!!!

— Eu sei. — ah, não! Ele deve achar que eu sou retardado! — A diretora acabou de dizer.

— É?

— Você tem ou não tem o livro, cara?

Jesus, Jesus... Paulo, se controla, meu filho! Ele nem é tããão bonito assim! Olha as mãos cheias de machucados e essa camisa xadrez social super sexy que ele usa dobrada até o cotovelo e esse jeito tão típico de homem de sentar com as pernas abertas como se o pau fosse do tamanho do mundo... Ah, meu Deus!!! Eu queria agarrá-lo mesmo estando na cara que ele era um grosso — mas... em qual sentido mesmo, hein? (brincadeirinha!)

— Não. Você pode me emprestar?

Ele olhou pra frente e fez uma cara que parecia dizer que queria estar em qualquer outro lugar do mundo (talvez numa sessão de sadomasoquismo com gente vestida de Teletubie e Xuxa), menos ali. Ao juntar as carteiras eu praticamente me “joguei” em cima daquele Leonardo di Caprio adolescente.

Ele falava pouco e parecia tão concentrado que podia se passar facilmente por um cara de vinte mesmo aos doze. Sim, eu estava completamente de quatro para aquele deus grego... Mas pela forma como me encarava eu achava que uma barata podia ter sentado do lado dele que ele a encararia da mesma forma. Talvez ele fosse racista... mesmo que minha pele não fosse tão escura quanto a da minha mãe, aquela não seria a primeira vez. Tão branquinho... os pais dele só podiam ser de alguma colônia alemã do sul!

No recreio não me sentei com Matheus (que nome mais perfeito...), até porque ele ficava na sala, anotando algo em seu caderno — observação: sentindo inveja do caderno por ter a atenção dele. Ao invés disso, conversei com umas garotas que pareciam ter saído do filme “Garotas Mimadas”.

— Sorte a sua ter sentado do lado do nerd! Ele é o mais inteligente da escola.

— Mas as aulas nem começaram direito...

— Ah, ele já estuda aqui alguns anos. É repetente.

Tá, ela falou como se aquilo fosse um crime! E daí se ele fosse só um aninho mais velho que eu?

— Ele tem catorze anos. — a garota continuou de um jeito que me fez pensar se ela não estava caída por ele como... eu.

Ok, dois anos mais velho. E daí? Ele não deixava de ser um gostosão!

— Mas como um cara tão inteligente pode ser repetente por duas vezes?!

— Mistérios da vida, queridinho!

— Ele tem namorada?

— Tem, só que não sabe ainda.

As garotas riram. Eu não vi graça nenhuma.

— E ela seria você?

Geovanna era loira de farmácia e não tinha nem peito, nem bunda. As minhas pernas eram mais grossas que as dela! Até parece que uma gracinha feito o “Matheus Maravilhoso” ia querer uma periguetizinha de quinta!

— Claro que sim! Mas ele é tímido, sabe?

— Que nada! — essa era a Bárbara, baixinha e gordinha. Ainda assim seus olhos verdes eram um encanto! — Dizem que ele usa drogas da pesada. E que tem até filho pequeno! Chave de cadeia, amigas!

— Mentira! — Geovanna jogou seu aplique mal-feito pra trás se achando A própria Ashley Tisdale. — Ele tem uma pegada de tirar o fôlego...

— Você já beijou ele?!?

Imaginar aquela boquinha carnuda e perfeita dando um desentupidor de pia naquela despeitada quase jogou a minha auto-estima na fossa...

Ninguém nunca beijou ele! — Bárbara se manifestou de novo. Ela olhou para os lados e baixou o tom de voz — Dizem que ele é veado.

— Veado?

Ok, minha auto-estima está do tamanho das Torres Gêmeas — uma empilhada em cima da outra!

— Nem adianta ficar feliz, Paulinho. O Matheus não é gay.

— Como você sabe? Já deu um beijo nele por acaso?

— Simples: ele nunca desmunhecou.

— Bem... ele pode ser discreto, só isso.

Apesar de tentar me “enganar” eu senti como se Geovanna tivesse lançado um milhão de aviões e as minhas torres ruíram até virar pó.

— Bom, você não é discreto, é?

Isso foi jogo sujo, sua vaca! Falar de mim não vale...

Certo, eu sou do tipo “bicha espalhafatosa”, mas poxa... ela precisava jogar isso na minha cara ?

Na sala de aula nem tive ânimo para continuar secando “Matheus Maravilhoso”: toda vez que eu o olhava ele parecia mais homem do que qualquer outro homem. Até a forma como coçava o queixo usando a ponta das unhas era típica de homem que começou a fazer a barba!

Ah, Jesus... Não era a primeira vez que eu ficava gamado por um hétero, mas... nossa... Matheus era tão... diferente. Eu ser masoquista e ele ter olhos tão infelizes e assustados (ainda que com algo de violentos) provavelmente contribuiu para o começo da paixão platônica que passou a me dominar.

Ele parecia tão sozinho. Não seria nenhum pecado tentar ser seu amigo, seria? Eu tinha esperanças doentias de que ele um dia revelasse ser do lado rosa da força, mas também estava pronto para ser ridicularizado e tomar um belo fora, como havia acontecido com meu mais recente amor...

Mas eu não podia evitar.

Eu queria. Eu precisava.

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Okay, boys and girls!

Esse aí foi o texto do Pedro Tavares que depois de ter decidido vagabundear pela vida, virou escritor! (calma, brincadeirinha! XD) Qualquer semelhança com a MINHA história "Como Nascem os Sonhos"... cof cof não é cof cof cof mera coincidência cof cof cof cof...

Toda história tem dois lados, né? ^^'''''' Bem diferentes, por sinal...

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